quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Educação Especial na Era da Informática

     A Educação a Distância através da Internet apresenta perspectivas de cidadania para as pessoas com deficiência.

"Pensar numa sociedade melhor para as pessoas deficientes é necessariamente também pensar numa sociedade melhor para todos nós." (RIBAS,1998,p.98)

     Pensar sobre a relação "educação para todos" e a deficiência é uma forma de indagar a igualdade de oportunidades no sistema educacional brasileiro.
     O presente tema vislumbra a possibilidade de uma "educação para todos" através da informática, já que, como instrumento de aprendizagem, de busca de informação e de trabalho, o computador é uma realidade, principalmente nos grandes centros urbanos do Brasil.
     O paradigma "educação para todos", compreendido como o acesso de todo cidadão ao sistema educacional, tem o seu fundamento na política nacional brasileira.
De acordo com a lei maior, a Constituição Brasileira, toda pessoa tem direito à educação, e a escola deve levar em conta a diversidade das características dos seres humanos. A igualdade de oportunidades está assegurada na Lei de Diretrizes e Bases n.º 9.394 /96.
     É fundamental que se compreenda a importância do paradigma "educação para todos" para a sociedade. As pessoas com deficiência que ficam fora do sistema educacional e, conseqüentemente, sem acesso à cultura na vida adulta, podem encontrar dificuldades para conquistar a sua independência pessoal e a sua autonomia, sendo assim, pouco ou nada contribuirão e/ou produzirão à sociedade e ao país.
     Diante dessa assertiva, refletir sobre a igualdade de condições no século XXI, com toda a tecnologia existente, leva-nos a pensar que o computador e a telemática, entre outros, são recursos que podem colaborar com esse paradigma. A pessoa com deficiência que, através de uma tecnologia adaptada às suas necessidades, puder ter acesso ao conhecimento e ao processo de ensino-aprendizagem, poderá expor suas idéias e sentimentos a outras pessoas e poderá trabalhar, exercer sua cidadania e se integrar à sociedade.
     Em 1997, surgiu no Brasil o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo). O ProInfo é um programa educacional que visa introduzir as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) na escola pública como ferramenta de apoio ao processo ensino-aprendizagem e também promover o desenvolvimento e o uso da telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico. Ele pretende melhorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem, propiciar uma educação voltada para o progresso científico e tecnológico, preparar o aluno para o exercício da cidadania numa sociedade desenvolvida e valorizar o professor. As escolas públicas, tendo um projeto de uso pedagógico das NTIC aprovado pela comissão Estadual de Informática na Educação, recebem computadores e respectivos periféricos.
     A Secretaria de Educação especial (SEESP), motivada pela implantação do PROINFO na rede pública, elaborou, em 1999, o Projeto de Informática na Educação Especial (PROINESP) visando às instituições não governamentais. O projeto enfatiza que a democratização do uso das tecnologias é uma realidade viável. A democratização vai ao encontro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96, que deixa claro o direito dos educandos com necessidades especiais de contar com uma infra-estrutura para que haja uma aprendizagem eficiente. Esse projeto parte do pressuposto de que, se as barreiras que as pessoas com deficiência encontram ao ingressarem no sistema educacional forem minimizadas através da informatização, esses cidadãos terão acesso ao processo de ensino-aprendizagem.
     Com a popularização da Internet, esta também foi incorporada nas instituições de ensino e na Educação a Distância. A Educação a Distancia proporciona a auto-aprendizagem e o acesso à educação a todos aqueles que não têm condições de freqüentar uma instituição de ensino.
     A Educação a Distância através da Internet apresenta perspectivas de cidadania para as pessoas com deficiência, principalmente para as que não podem locomover-se, ou as que ficam internadas em hospitais por um longo período de tempo e que, com isso, ficariam alheias ao sistema educacional. A Telemática, como recurso educativo, pode - através de projetos específicos ou não - proporcionar uma "educação para todos".
     Vale lembrar, nesse momento, uma personalidade internacionalmente reconhecida pela importância de sua obra na área da Astrofísica e da Cosmologia: o inglês Stephen Hawking. Ele utiliza-se de recursos tecnológicos como um reprodutor de voz para comunicar-se, pois sofre de esclerose lateral amiotrófica, que é caracterizada pela degeneração progressiva das células motores no cérebro e na espinha dorsal. Hawking é considerado um dos físicos teóricos mais importantes do mundo. Entre suas contribuições, destacam-se as teorias sobre o estudo dos buracos negros.
     Hawking, de uma forma brilhante, deixa sua contribuição à humanidade, tanto no aspecto científico, com suas obras, quanto no de STEPHEN HAWKING ser humano, com sua perseverança e força de vontade.
     A utilização da informática pelas pessoas com deficiência dá-se através de recursos adaptados. Existem, no mercado, diversos softwares e periféricos de computadores que foram elaborados visando às pessoas com necessidades especiais.
     Para exemplificar, segue uma tabela citando alguns desses recursos tecnológicos adaptados, porém, nela não consta a deficiência mental, pois esta pouco ou nada exige em relação a adaptações de computadores e softwares; basta selecionar um software que corresponda às necessidades do usuário:



Deficiência Motora
Deficiência Motora
e Fala
Deficiência Visual
Deficiência Auditiva
Periféricos-tela sensível (toque/sopro)
-substitutos de mouse
-pulsadores e
apontadores
-teclados alternativos- teclado Braille
- impressora Braille
-microfone
-fone de ouvido
Softwares-simulador de teclado
-ERA: Emulador de
Rato
-Anagrama-Comp
-Imago Vox
-PCS-Comp
-Sonix
-DOSVOX
-El toque mágico
-Sing Talk
-SELOS
-Sing Writing


    A versatilidade dos softwares e periféricos adaptados favorece a acessibilidade das pessoas com necessidades especiais ao sistema educacional, tornando viável a participação de pessoas com deficiência na sociedade e diminuindo a distância entre o possível e o inacessível.
     O desenvolvimento tecnológico, cada vez mais, oferece novos instrumentos para otimizar o manuseio do computador pelas pessoas com deficiência, proporcionando, dessa forma, a democratização do ensino, da informação e da socialização, além do desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo. 







Graziela Aparecida Dupim 

Crianças Especiais

    Este termo é muito genérico, abrange as mais diferentes síndromes infantis. Todas as crianças são muito especiais, mas algumas precisam de um apoio, de um olhar, de uma atenção especial, de um acompanhamento e acima de tudo muito carinho.
    É sobre estas crianças que vamos tentar falar um pouco e chamar sua atenção. A criança portadora de necessidades especiais, além do direito, tem a necessidade de cursar uma escola normal, de ser tratada com muito carinho e respeito por todos nós.






Izaias de Paula Santos 


Tecnologia Assistiva: Adaptações Físicas ou Órteses

    Quando buscamos a postura correta para um aluno com deficiência física, em sua cadeira adaptada ou de rodas, utilizando almofadas, ou faixas para estabilização do tronco, ou velcro, etc., antes do trabalho no computador, já estamos utilizando recursos ou adaptações físicas muitas vezes bem eficazes para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos. Uma postura correta é vital para um trabalho eficiente no computador.
    Alguns alunos com seqüelas de paralisia cerebral têm o tônus muscular flutuante (atetóide), fazendo com que o processo de digitação se torne lento e penoso, pela amplitude do movimento dos membros superiores na digitação. Um recurso que utilizamos é a pulseira de pesos que ajuda a reduzir a amplitude do movimento causado pela flutuação no tônus, tornando mais rápida e eficiente a digitação. Os pesos na pulseira podem ser acrescentados ou diminuídos, em função do tamanho, idade e força do aluno. Determinado aluno nosso, por exemplo, utiliza a capacidade total de pesos na pulseira devido a intensidade da flutuação de seu tônus e também porque sua complexão física assim o permite.


Foto de aluno digitando utilizando pulseira de pesos no braço
Foto de aluno digitando utilizando diferentes recursos de  Tecnologia Assistiva




Matheus Simões Santos

O Uso da Tecnologia na Educação Especial

    Hoje em dia muito se tem falado sobre Educação Especial, Inclusão Digital e outros termos que fazem do computador importante ferramenta de auxílio no aprendizado de muitas pessoas com necessidades especiais. Essa ferramenta desde que bem utilizada poderá trazer evoluções consideráveis. O uso desta nova tecnologia nas escolas constitui-se um verdadeiro laboratório, onde se desenvolvem experiências e observam-se reações e resultados. De acordo com Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade "No campo da Educação Especial quando falamos de 'inovações' estamos apenas apontando o que de ferramentas visíveis estão em uso junto ao educando com necessidades especiais". Não percebemos, muitas vezes, que atrás de tudo isso possui também outros tipos de tecnologias e aparatos tecnológicos que auxiliam o educando no processo de aprendizagem. Alguns métodos utilizados na transmissão de conhecimento, obviamente nunca serão deixados de lado, como antigos inventos encontramos a lousa, o giz, o apagador. Mas para muitas pessoas utilizar métodos como esses citados, torna-se extremamente impossível, pois possuem necessidades que apenas a tecnologia de ponta poderá auxiliar, sendo assim a introdução do computador e/ou da tecnologia da informação na sala de aula para Educação Especial tornou-se uma saída tecnologicamente necessária. A idéia de resolver esse 'problema' dando ao aluno o direito de participar, de aprender e ter uma convivência educacional como qualquer outra pessoa, fez com que muitos órgãos e empresas de Tecnologias da Informação investissem em estudo e desenvolvimento de programas de assistência às pessoas especiais. Vemos que a preocupação em ensinar e aprender, é cada vez mais crescente, com esse empenho poderemos quebrar todas as barreiras, levando educação e conhecimento para todos, não importando o grau de necessidade especial, mais sim a constante "sede" de aprender.

Estudantes Especiais

     Muitos cuidados são tidos com pessoas portadoras de necessidades especiais (temporários ou passageiros) entre eles destacam-se: a preparação de docentes para que possam compreender e assim transmitir o conhecimento de forma mais natural; e o investimento em tecnologia especializada, aliando dessa forma o ser humano e a máquina para juntos desenvolverem trabalhos e estudos quebrando barreiras até então encontradas. Na realidade encontram-se também alguns alunos que necessitam de um atendimento especial, mais de um outro nível ou uma outra forma. Existem os estudantes considerados normais perante uma sociedade que ostenta um "padrão" intelectual. Dentro desse universo "padronizado" há os que não se enquadram perfeitamente nessa denominação, que são os chamados alunos especiais. Mais a expressão "ter um aluno especial" não quer dizer necessariamente que seja uma pessoa deficiente física, ou mental. Existem então os alunos considerados lentos (vagarosos) e os considerados rápidos (dotados), o atendimento adotado a esses alunos, em especial, muitas vezes são repelidos pelo público e apontados como "antidemocrático", mais esse apontamento já não acontece com os deficientes físicos, pois a sociedade normalmente acredita naquilo que vê, no que algo físico, sendo assim não compreende muitas vezes uma criança ou um adulto que possui leve insuficiência auditiva ou baixo poder de assimilar conhecimentos. Diante desta realidade os desenvolvedores de tecnologia devem estar atentos para que todas as pessoas especiais – por leves que sejam seus problemas - sejam atendidas, e com isso trazendo e mostrando à sociedade uma forma justa de colaboração, eliminando todo tipo de discriminação que possa ser gerado dentro do grupo.

O computador na sala de aula

     A importância da tecnologia aliada ao ensino seja presencial, seja à distância, é inquestionável, uma vez que auxilia muito no processo ensinar-aprender. Quando falamos em educação especial e em deficiência física, essa afirmação torna-se ainda mais importante e necessária, visto que grande parte das pessoas portadoras de deficiências dependem da tecnologia para poderem realizar suas tarefas. A palavra Inclusão Digital nunca foi tão citada como hoje em dia. Governos e Organizações Não Governamentais estão cada vez mais empenhados em distribuir oportunidades de acesso à tecnologia. Mas não nos iludamos, pois embora estejam empenhados, essa é uma luta constante e trabalhosa. Vale lembrar também que não é o uso do computador que fará que todos os objetivos almejados sejam alcançados, é antes de tudo uma postura educacional. É o profissional do ensino trabalhando como um facilitador e criador de condições para que esses objetivos sejam alcançados. Outro fator vem à tona então: o educador.
     Então além de termos computadores de última geração, softwares capazes de tornar o ensino especial mais prático e didático, é necessário um material humano devidamente preparado para operá-lo e dar o suporte necessário ao educando especial.
     O mesmo deverá receber também uma constante reciclagem para que suas habilidades estejam sempre à disposição da melhor forma possível ao educando. Não esquecendo, é claro, da reciclagem que além da atualização tecnológica serviria também como uma injeção de ânimo e motivação para que o educador esteja sempre apto a desenvolver sua função da melhor forma possível.
     Diante desses fatores podemos observar alguns objetivos a serem alcançados com o uso do computador na sala de aula:

-Aumentar a auto-estima e autonomia do educando;
-Fazer com que ele experimente o sucesso;
-Mostrar que com o erro é uma etapa necessária para o aprendizado;
-Auxiliar o desenvolvimento cognitivo;
-Acompanhar o aprendizado respeitando os limites de cada educando;
-Demonstrar a importância do trabalho coletivo
-Desenvolver linguagem, leitura, raciocínio e atitudes 

    Vale ressaltar que esses objetivos foram elaborados sob um referencial psicopedagógico, onde analisa o educando de uma forma global em suas múltiplas facetas.

Mais tecnologia, menos limites

     Com o grande avanço da Tecnologia, as barreiras que delimitam espaços geográficos e também limites físicos estão sendo quebrados e deixados para trás. O ser humano seja trabalhando ou estudando, está tendo um novo conceito sobre limites. O ensino à distância é um exemplo claro do avanço tecnológico. Videoconferências são comuns hoje em dia em escolas (para professores), empresas e outros locais que necessitem de reuniões dinâmicas, rápidas e com grande participação dos membros (que antes não seria possível pela distância). Se não fosse esse aparato tecnológico nossa realidade hoje, seria diferente. Temos consciência, é obvio, que ninguém vive (ainda) num mundo dominado pela tecnologia, como naquele desenho da família Jetson, onde basta pedir algo para um robô que ele atende. Nosso mundo é de pessoas que buscam a cada dia encurtar as distâncias, e quebrar os limites. O mais importante é que não são quebradas apenas as barreiras geográficas e as barreiras que existem entre uma pessoa deficiente e o aprendizado especial, mas também as barreiras de preconceito. A Tecnologia definitivamente pode ajudar muito no processo de aprendizado, pois dá condições necessárias para o educando. A internet também soma como um fator positivo na 'distribuição de conhecimentos', uma vez que pode ser acessada de qualquer ponto a qualquer  hora.                      
    Ronaldo Correa Jr., de Recife, diz em seu site que "a Internet é o único espaço em que a minha normalidade é evidente. Lá eu posso ser eu mesmo, independentemente do que meu corpo é capaz de fazer. Ter acesso ao mundo todo pela tela do computador melhorou muitíssimo minha qualidade de vida..." 
    Com paralisia cerebral e quadriplegia Ronaldo mantém contato com seus amigos digitando textos com os dedos dos pés e também aproveita para estudar por conta própria muitas matérias. Esse é um exemplo real de como as barreiras podem ser quebradas com o avanço tecnológico.
    Podemos concluir que diante dos fatos do dia a dia, o uso da Tecnologia na Educação Especial é além de importante, necessário. Investir em estudos ou projetos nessa área é antes de tudo garantir que o direito básico à educação seja cumprido, sem nenhum tipo de discriminação, como diz o Artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "1. Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito[...]"[6].

Considerações Finais

     Pode-se afirmar que a educação especial e tecnologia podem caminhar lado a lado e rumo ao mesmo objetivo: A inclusão. E que trabalhando com a tecnologia correta para cada caso, pode-se diminuir a exclusão e mostrar ao mundo que não são apenas padrões físicos que devem ser levados em conta, mais sim éticos, morais e intelectuais.
     Uma pessoa portadora de deficiência pode realizar muitas tarefas, só que para isso muitas vezes necessitará de uma ferramenta, a tecnologia. Portanto não importa como você faz algo, mais sim o que faz e como supera as dificuldades.


Fonte: http://www.webartigos.com/articles/1880/1/O-Uso-Da-Tecnologia-Na-Educacao-Especial/pagina1.html#ixzz1Y3n4fOSQ
 


Vania Lucia Souza

Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Recursos Tecnológicos Para Educação Especial

    O Laboratório de Análise Experimental de Cognição e Linguagem da Universidade de São Paulo, em convênio com a QS Informática e com o Centro de Pesquisa e Clínica Neuropsicológicas, vem produzindo nos últimos cinco anos uma ampla pesquisa de criação e desenvolvimento de recursos tecnológicos para a Educação Especial abrangendo diversas áreas de deficiência.  
    Um artigo de autoria de um pesquisador deste laboratório da Universidade de São Paulo, Fernando César Capovilla, trata de sistemas computadorizados de diagnóstico, testes e avaliações que auxiliam na comunicação e no processo educacional de pessoas com deficiência na fala, audição, deficiência mental e deficiências nas habilidades cognitivas de leitura, escrita e matemática.
    É uma ótima oportunidade para se ter acesso a este tipo conhecimento que vem sido desenvolvido por muitos pesquisadores no Brasil; saber o que são, como funcionam e como podem realmente auxiliar na educação. 






Gabriela Lauterbach